Comentário Final

COMENTÁRIO FINAL

                               

A infertilidade é reconhecida cada vez mais generalizadamente como uma forma de doença – não uma doença que mata ou incapacita mas que pode angustiar corrosivamente -, assumindo também rápida e progressivamente uma grande importância social e não apenas individual, atendendo à diminuição dramática da taxa de natalidade.

O número de 2,1 crianças nascidas por mulher é considerado o nível mínimo de substituição de gerações – o que, claramente, não acontece em Portugal desde os anos 80. De facto, no nosso país, o índice sintético de fecundidade (número médio de crianças vivas nascidas por mulher em idade fértil) diminuiu de forma preocupante nas últimas décadas: 3,20 (1960); 3,00 (1970); 2,25 (1980); 1,57 (1990); 1,55 (2000); 1,39 (2010); 1,35 (2021).

A propagação cada vez mais galopante da informação, tendo uma utilidade clara, não deixa de conter os riscos inerentes às mensagens demagógicas e perigosas, em que os avanços científicos e técnicos podem surgir como panaceias, induzindo uma falsa tranquilidade. Um exemplo destes perigos é que ao esclarecimento rigoroso e preocupado de salientar a importância da idade da mulher como um elemento essencial no prognóstico do sucesso reprodutivo, sejam apresentadas “soluções”, como a congelação dos ovócitos, que podem induzir a mulher a adiar tranquila mas perigosamente a sua gravidez.

A exaltação à competência rigorosa dos profissionais (não só nos actos que praticam mas também na informação que divulgam) e à importância das medidas profiláticas relativas aos comportamentos das pessoas (ex: alimentação saudável, não fumar, evitar o excesso de peso, valorizar a “idade reprodutiva” da mulher, …) justifica-se pela possibilidade real de não acrescentar factores de insucesso aos muitos de ordem biológica já inevitavelmente existentes, muitas vezes de combate infrutífero.

Finalmente, a equipa do Centro de Genética da Reprodução expressa o seu agradecimento a todos os que depositam a sua esperança na competência, rigor e dedicação de todos os membros da equipa. O sucesso será sempre o nosso grande objectivo, pela partilha da alegria com os pacientes e pelo legítimo desejo de prestígio de toda uma estrutura profissional que, quotidianamente, luta para vencer “inimigos biológicos”, muitas vezes poderosos e tantas vezes desconhecidos.



Primeira Clínica, na área da Reprodução
Medicamente Assistida, a ser
certificada em Portugal(-2006-)